quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
por isso perguntei para aquela senhorinha sentada na porta da sua casa:
posso entrar?
e ela com seu sorriso girando sem solidão na saia de baiana que ela bordava pra dançar no carnaval, disse:
trouxeste tua fantasia pra Fazermos os ajustes foi?
domingo, 5 de dezembro de 2010
http://ascoisasdedentro.blogspot.com/2010/12/soubemos-entender.html
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
... soubemos entender
apaguei as linhas que ontem dividiam a pista
agora [eu ela ele] sabemos que todas as mãos são multiplas
tu podes ler meus desencontros? disse a cigana pra mim lá em cima do muro
e que os olhos dela são meus e de todos que acreditam
em permutação com as finas fitas do ornamento de um pavão, eu sei
se me permite? :
A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia [ela.
o que eu nao sei é se na cadeia alimentar a gente pode comer a si
é lá que encontro seus olhos a vagar, e os apanhei como quem vai na árvore e rouba um filho da mãe
pendurado na linha que não existe mais : encontro os meus
me acho ; não me acho
perco, não me perco
desvio,
possíveis encontros
sonolento , quase ainda dentro do trono dos sonhos onde sentavam mariposas
próximo a voz do ancião que dizia que o amor virou mágoa, ou é o contrário?
como não há mais linhas não sei dizer nada sobre
eu esperei ela dançar, meus olhos estavam magoados, pois não consegui tocar na mão dele
sorte que dancei com ela e fui mais feliz :esquecer
e logo veio num voo subterrâneo à minha frente:
a grande fila que esperava o banco abrir e todos seriam caim
as pistas que ontem dividiam as linhas as apaguei
e na próxima publicação que eles fizerem em mim, queimarei as máscaras medievais as quais ordenam meus ouvidos oceânicos- é, poucos são os que escutam as sereias
ah, sorrirei talvez
e mais um talvez : quem estará esperando linha, pista, obvio, entenda o que digo brandando do alto de uma corda bamba- pendurada nas nuvens? : a minha vida complicada pela mente de uma duna de peixes que se movimentam como num aquário onde nao podem cantar e o pior, dizem por aí que não sabem, por isso, só vemos o que conhecemos : o chorar,
imprime cartazes e fixa em postes de iluminação privada, isso:
só consigo pintar supostas abstrações, mas pra mim tudo é figurativo
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
AVECOLPENVI
terça-feira, 19 de outubro de 2010
A Verdadeira Coleção Pensamento Vivo
Uma coisa é o que eu vivo,
outra coisa é o que eu penso.
Se vivo em um
e penso em outro
então vivo pensando,
ou penso viver.
O pensamento vivo é o que vivo,
e não o livro.
O livro, entretanto, é o pensamento vivo
daquilo que se julgava morto.
É o engodo feliz da existência;
o movimento,
que em diversas matérias,
constitui um espírito, quiçá um todo.
domingo, 10 de outubro de 2010
Falando de coisas
Falando de sabedoria, existem duas vias de aprender, uma é através do amor, e outra através da dor. Através da dor a gente nunca esquece.
Falando de conhecimentos, também existem duas vias de aprender: uma é através do encontro com outras pessoas e outra é através do encontro consigo mesmo. Quem já foi eremita nunca esquece o silêncio da estrada.
Desconfia-se que a aprendizagem é a centelha, que todos compartilham. É fato comprovado magicamente: as maiores sabedorias não se encontram nos livros, mas nas conversas.
Querida Mimosa,
É com muito pesar no coração – não tão grande quanto o seu – que confesso esse triste acontecimento: hoje comi um hambúrguer. É difícil de engolir, mas na hora não foi. Era da tua raça, uma fêmea – avisa pro chifrudo do marido dela. Tava gostosíssima, como a sensação de saborear uma picanha mal passada. Do passado lembro de nós duas entrelaçadas no chão do bosque, enroladas no vento, perdidas na noite. Éramos umas perdidas né!? Você com a pasta, que eu preparava, e eu com os cogumelos, que você preparava. Éramos duas loucas, errantes, só eu, você e o pasto, vasto mundo.
Hoje sou normal.
Uma migalha de ilusão do pão da vida
Uma migalha de ilusão paira no oceano azul marinho que é o céu. A correnteza do rio corre, e ri da liberdade de estar em movimento. Na árvore, o fruto aguarda o momento da queda. No chão, o bicho; que tudo fareja, que tudo perscruta. Na orelha peluda, o perfume do perigo. Das sombras da terra, garras enormes. Fim. E início. Na grama recém cúmplice de um assassinato um casal trepa da forma mais dionisíaca enquanto os pássaros nada vêem de moralmente repreensivo e, harmônicos, gorjeiam melodias nupciais. Finda a concepção, um cigarro aceso coringa as bocas agora individuais. Na marola do amor natural a natureza impõe a certeza de que só o amor salva, e de que a morte – a grande ou a pequena – são necessárias. Olhando os dois para o céu sem pensar na vida, mas vivendo-a, percebem ambos uma estrela que paira no céu. Luz morta, ainda visível para os vivos. No rio um tronco, no vento um papagaio. Sem pensar na morte o ser humano morre, a cada segundo. E quando sua luz se extinguir finalmente, será a ilusão do movimento, da gravidade, do medo, da morte e do amor o que o verdadeiro véu que encobriu a vida irá naturalmente desvelar.